História
Alegrete é um município brasileiro pertencente ao estado do Rio Grande do Sul, situado na fronteira oeste, nos campos do bioma pampa e do aqüifero guarani. População estimada em 80.000 habitantes.
Até o séc. XIX aqui habitavam tribos indígenas denominadas Guaicurus do Sul, índios cavaleiros (Charruas, Minuanos, Guenoas, Jaros, Mboanes e outras), além dos Guaranis.Este território fez parte das missões jesuíticas guarani através das estâncias de Japeju, Santo Ângelo e São Borja com seus postos de criação de gado geral. Aqui passavam tropas de bois, mulas e cavalos, no chamado "corredor do gado" nesta região.
Os guaranis foram exímios tropeiros e os charruas faziam grandes tropeadas com muitos rebanhos de cavalhadas missioneiras. Os minuanos e os jaros levavam tropas de gado para a Colônia do Sacramento.No tempo das missões jesuíticas aqui ficou conhecido como Vacaria do Ibicuí, nos campos avançados do território de Entre Rios. As tropas de gado cruzavam estes campos pelos passos de Japeju, Itapororó, Inhanduí (Picada dos Farrapos), do Lajeado Grande (Passo Nico Dornelles) e outros até seguirem para a margem setentrional do rio Jacuí.
A partir de 1801, na Conquista das Missões, o sul do Ibicuí (onde está Alegrete) foi anexado e sendo povoado por luso-brasileiros, muitos descendentes de açorianos, alguns descendentes de portugueses, algumas famílias de tropeiros paulistas, muitos indígenas guaranis e africanos. No decorrer do século XIX também aportaram algumas famílias de alemães, franceses, espanhóis e italianos.
Muitos destes povoadores luso-brasileiros foram estancieiros-militares que receberam Sesmarias (o mesmo que Estância ou Fazenda) por serviços prestados ao Rei de Portugal, para se fixarem nesta região, além de demarcarem as fronteiras limítrofes com a Argentina e o Uruguai.
Esta área do município de Alegrete foi um grande criatório de mulas a partir das sesmarias concedidas.
O primeiro povoamento luso foi em um posto jesuítico na Capela do Inhanduí (junto ao rio do mesmo nome) que existia do tempo das missões, pertencente a estância de Japeju. Em 1805 foi estabelecido no mesmo lugar uma guarda militar portuguesa, depois incendiada em 16 de setembro de 1816 pelos orientais na disputa pelo território, ficando conhecida como Capela Queimada. Em 1806, o tenente José de Abreu, futuro marechal e barão do Cerro Largo, sob sua proteção levantou uns arranchamentos junto à Guarda, com sua força militar, além de artesãos, tropeiros, mascates, comerciantes e índios missioneiros, e algumas famílias.
Quando a Capela foi queimada, os habitantes fugiram para outro local as margens do rio Ibirapuitã, onde havia um Acampamento militar e aí, em 1817, surgiu o novo povoado e hoje cidade de Alegrete, sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, em terras do sesmeiro e doador destas terras Antônio José de Vargas.
A elevação político-administrativa de povoado à Vila se deu em 25 de outubro de 1831.
Alegrete sediou a uma Assembléia Nacional Constituinte em 1º de dezembro de 1842, onde foi promulgada uma Constituição Republicana, considerada a primeira da América do Sul, durante o período em que o Rio Grande do Sul foi um País independente (1836-1845) com o nome de República Rio-grandense.
Aqui também foi a 3ª Capital da República Rio-grandense (1842-1845) durante a denominada Guerra dos Farrapos ou Revolução Farroupilha (1835-1845).
Alegrete adquiriu o foro de cidade em 22 de janeiro de 1857.
Na Guerra do Paraguai abrigou grandes contingentes militares.
Em 3 de maio de 1893 aqui realizou-se a maior batalha da Revolução Federalista, entre maragatos e pica-paus, com cerca de 12.000 combatentes, aquela que ficou conhecida como Batalha do Inhanduí.
Na Revolução de 1923 mais uma vez os alegretenses participam da luta entre maragatos (lenços vermelhos) e chimangos (lenços brancos) no famoso Combate da Ponte do Ibirapuitã, em 19 de junho de 1923, comandados de um lado pelo general Honório Lemes (maragato) e de outro o general Flores da Cunha (chimango).
Alguns ilustres alegretenses: Oswaldo Aranha (Político, Diplomata brasileiro e Presidente da ONU), Demétrio Ribeiro (Deputado Federal e 1º Ministro da Agricultura do Brasil), Mário Quintana (Poeta), entre outros. Alegrete possui o Jornal mais antigo do Rio Grande do Sul e o 3º do Brasil, a Gazeta de Alegrete.
Em seu patrimônio histórico consta com mais de 25 prédios Tombados no município (02 de 1982 à 2005) sendo 6 também tombados pelo IPHAE e cerca de 50 prédios arrolados para tombamento, além de inventariados outros monumentos do município, de bens materiais e imateriais (de 2005 à 2019). Entre estes bens temos a destacar, o Canto Alegretense, letra de Antônio Augusto Fagundes e música de Bagre Fagundes, considerado um hino pelo povo alegretense, hoje conhecido mundialmente.
O maior desfile de cavalarianos do Brasil e um dos maiores do mundo acontecem todos os anos, desde 1956, tendo sido registrado cerca de oito mil participantes na última década. Também cabe destacarmos o Efipan- Encontro de Futebol Infantil Pan-americano, uma competição internacional que acontece todos os anos desde 1980.
E a Campereada Internacional de Alegrete, um rodeio típico gaúcho, que acontece anualmente desde 1979.